quinta-feira, 30 de novembro de 2017

'Prefiro salários em dia do que reforços'

Alinne Fanelli
do Agora
Técnico do Tricolor há quase cinco meses, Dorival Júnior deixa para trás o período de incertezas com relação a rebaixamento e começa a olhar para a próxima temporada.
Aos 55 anos, o comandante conversou com o Agora sobre planejamento para 2018, os momentos difíceis vividos na equipe e lamentou que a pré-temporada do ano que vem seja mais curta.
Quanto às contratações, ele pretende trabalhar com o que o clube pode lhe oferecer.
"Naturalmente que eu quero sempre o melhor. O que eu não quero é que o presidente tenha dificuldades de pagamentos de salários a atletas. Isso não é cobrança, mas é um pedido que sempre fiz em todos os lugares. Se eu não puder ter os melhores jogadores, quero que os salários estejam em dia e nos preocupemos apenas com a formação da equipe", afirmou comandante.
Agora O que o torcedor pode esperar para 2018?
Dorival Vamos aguardar, ver o que teremos para o começo do ano, para que tenhamos uma avaliação segura. É prematura qualquer análise. A pré-temporada curta vai prejudicar muito todas as equipes que terminaram campeonatos agora. Era um ganho que tínhamos tido e mais uma vez não se pensou no atleta.
Agora Você conseguiu implantar na equipe as suas ideias de futebol?
Dorival Eu fico muito feliz com uma coisa: o São Paulo saiu de uma situação muito difícil não usando o jargão de que primeiro você tem que se fechar, arrumar a casinha, para depois você ganhar jogos. Diferentemente de outras equipes, saiu jogando futebol. Com posse de bola, tendo a grande maioria das ações de uma partida sempre sobre a sua tutela. Fico satisfeito com isso porque é um conceito trabalhado há um tempo. Vi uma equipe procurando o comando da partida, tendo posse de bola, procurando criar sempre à frente.
Agora E você ficou satisfeito com o que foi apresentado pelo time até aqui?
Dorival É natural que você tenha tido um momento ou outro que criasse uma dúvida em relação a alcançarmos ou não os objetivos. Eu não sei se poderíamos ter feito mais. Tudo foi acontecendo de uma maneira natural, com muito trabalho e muita dedicação. Não foi fácil, não foi simples, foi realmente uma situação bem difícil e eu fico muito feliz com a entrega de todas as pessoas envolvidas. Entenderam, abraçaram e, acima de tudo, acreditaram no que estávamos falando. Mas não foi tranquilo, não.
Agora Aquela derrota por<ju> 3 a 1 para o Fluminense foi um divisor de águas? Porque o time reagiu depois...
Dorival Ali foi o pior momento que tivemos. Vivíamos um momento tranquilo, estável. Cria-se uma grande expectativa, você vai para um jogo como esse e as coisas não acontecem. Aquilo caiu como uma ducha. "Poxa, onde estamos errando? Não é possível a equipe depois de três, quatro dias, muito bem contra o Atlético-PR, vai para o Rio, com todas as possibilidades e faz um jogo muito abaixo." Aquilo criou uma instabilidade, uma insegurança, uma incerteza natural. Não pelo resultado. O Flu poderia ganhar, mas a forma como foi construído o resultado, a maneira como nós não nos vimos em campo, não estávamos presentes naquele momento. Criou um questionamento muito grande.
Agora E você preferiu não dar bronca no time, mas sim incentivar...
Dorival Quando acabou aquele jogo, pela primeira vez fiquei não só preocupado, mas com uma revolta interna. Fiquei muito chateado com o que eu tinha visto. Você não pode perder uma partida como perdemos. A reação da nossa equipe me fez mudar um pouco meu comportamento. Pensei no que eu faria, sempre tive um tom um pouco diferente. Eu sabia que, naquele momento, se eu pisasse um pouco mais, seria prejudicial. Eu tinha de mudar o que eles esperavam que fosse acontecer. Eu inverti o processo, mostrei um outro lado para eles e acabou dando certo. Os resultados vieram e jogando com consistência, bem. É uma situação irreal, ter uma equipe em campo jogando o que jogamos contra o Atlético, na quarta, podendo jogar muito mais, mas faz aquilo e depois faz quase duas partidas perfeitas. O que é o futebol? Qual é a receita? Não existe. Vamos procurar correções, melhoras, aceitando, errando, oscilando, o que é natural.
Agora Você indicou o Victor Ferraz, lateral direito, que jogou com você no Santos?
Dorival Eu fiz algumas indicações que estão sendo ventiladas, tudo de maneira muito leal, da diretoria do São Paulo com as diretorias dos clubes. Caso haja possibilidade, vão abrir negociações. Caso não haja, ponto, acabou, tentaremos outra situação. Não tendo, vamos buscar na base, vamos nos virar com o que temos.
Agora Você não quer mais improvisar o Militão?
Dorival Vai depender muito da situação. E se começarmos e o jogador que venha não estiver bem? O Militão estava bem. Aí são opções. O jogador não vem com certificado de garantia. Às vezes, chega e não dá certo. Em outros casos, o jogador pode vir como aposta e passar a ser solução. Temos de ter esse cuidado. Não posso falar que não mais usarei. Ele se deu bem ali, criou uma consistência boa no sistema defensivo. Quem sabe? Se não tivermos condição de contratar... Ou se contratarmos e vermos que não é a pessoa ideal, ele vai continuar. Não tem problema algum.

Nenhum comentário:

Postar um comentário