sábado, 21 de julho de 2018

São Paulo recebe seu principal rival com favoritismo

Jardiel Carvalho/Folhapress
O meia Nenê é o novo dono da camisa 10 do Tricolor
Marcos Guedes e Alinne Fanelli
do Agora
Vencedor de duas das últimas três edições do Campeonato Brasileiro, o Corinthians vem de anos bem mais gloriosos do que os do São Paulo, campeão nacional pela última vez em 2008.Nas temporadas recentes, a situação mais comum nos Majestosos foi ver o alvinegro apontado com favoritismo.Não é o caso hoje.Após um ano de bastante sofrimento no Nacional, o time tricolor começou bem em 2018.A pausa no calendário não esfriou os comandados de Diego Aguirre, que voltaram à disputa batendo o líder Flamengo no Maracanã.

Nenê diz que continua no Tricolor por estar motivado

Alinne Fanelli
do Agora
A idade não tem sido um empecilho para Nenê. Com 37 anos recém-completados, o meia do São Paulo esbanja juventude. "Se neném está assim, imagina quando crescer", brincam os torcedores.
Em entrevista ao Agora, ele contou que a desconfiança gerada pela sua contratação no começo do ano foi um combustível.
"Não imaginavam que eu poderia render o que eu estou rendendo e manter uma regularidade. Ter essa força, com a intensidade dos jogos. Isso é bom, eu gosto dessas coisas", comentou o atleta.
Com o moral lá no alto, o meia foi oficializado ontem como o novo dono da camisa 10. O número ficou vago após a saída do meia peruano Cueva e, por isso, ele deixou a 7.
Antes da confirmação, o veterano disse que não via problema em trocar a numeração. "Vieram falar comigo sobre isso. Para mim é indiferente, não sou supersticioso. É a pessoa que desempenha a função e não a camisa. Eu só posso continuar trabalhando para produzir o meu melhor.
Nenê teve uma proposta para jogar no futebol árabe, mas recusou. Hoje, contra o Corinthians, ele enfatiza que uma vitória vai deixar claro os objetivos do clube no torneio.
"A gente está, sim, na briga [pelo título]. Temos de ser realistas, mas com os pés no chão. Tem de continuar da mesma maneira, suando, dando tudo dentro de campo, técnica e fisicamente.
Agora - Você sentiu que chegou ao São Paulo no começo do ano sob desconfiança?
Nenê - Não sob desconfiança, mas não imaginavam que eu poderia render o que eu estou rendendo e continuar rendendo. Ter essa força, com a intensidade dos jogos. É bom, eu gosto dessas coisas. Como quando voltei ao Brasil, muitos diziam que eu estava velho com 34 anos, no Vasco. Acho bacana, levo por um lado positivo e de motivação. De mostrar "está errado isso".
Agora - Você disse 'pode carimbar, não vou sair'. Por que recusou a oferta do futebol árabe?
Nenê - Pela minha felicidade aqui. A maneira como todos me receberam, como me tratam, pelo carinho que recebo da torcida, a estrutura do clube. Estou em um clube grande, que não ganha títulos há um bom tempo e seria muito importante isso, ficar com o nome marcado na história. Isso para mim é mais importante do que ganhar um pouco mais agora. Foi um pouco de tudo, mas a estabilidade, o momento do clube, com chance de ser campeão, pesaram. Aqui no Brasil não tenho um título de Brasileiro, de Série A. E também os filhos, a família, que estão aqui perto.
Agora - Vocês têm Corinthians, Grêmio e Cruzeiro pela frente. Estabeleceram meta de pontuação?
Nenê - Não, não falamos disso. Só que temos de ganhar todos (risos). A gente sabe que é uma mini Copa do Mundo, com quatro times muito complicados [Flamengo venceu], mas sabemos que, se fizermos grandes jogos e conquistarmos resultados positivos, vamos estar realmente com confiança maior, confirmando que podemos brigar pelo título.
Agora - No que o São Paulo ainda precisa melhorar?
Nenê - Sempre um time pode melhorar, depende de cada jogo. Precisa estar melhor taticamente, mais compacto. Em outro jogo precisamos estar mais agudos, prestar atenção nos contra-ataques.
Agora - Mas por que o time não consegue segurar muito a bola no segundo tempo?
Nenê - É, acho que isso a gente precisa melhorar um pouquinho. A gente acaba indo muito para trás, né? Mas contra o Flamengo, especificamente, era normal, pela pressão. E a gente ainda não tinha ritmo de jogo. Mas isso é algo que a gente pode melhorar, sim. Aliás, era algo que a gente já vinha melhorando.
Agora - O Tricolor tem a sequência de jogos difíceis e você tem dois amarelos. Como é ter de se segurar?
Nenê - Muito difícil, porque qualquer coisa que você faça, qualquer falta, fica preocupado. Falei para o juiz na quarta: "se eu começar a falar muito já me avisa, não quero ficar de fora". Depois ele veio me dar parabéns pela conduta. Mas é complicado, porque tem o calor do jogo. Às vezes, o árbitro erra algo que é muito claro para a gente, pode tirar do sério. Ou alguma falta que você faz, um contra-ataque que você para, sem intenção, é cartão. Espero que eu possa aguentar muitos jogos. Não sou de fazer muita falta, é só fechar a boquinha. Reclamar menos e pronto.
Agora - O Corinthians não tem o Balbuena. Acha que por ser nova, a dupla de zaga facilita para vocês?
Nenê - Clássico é clássico, com certeza para nós facilita porque continuamos com o mesmo time. A nossa única troca foi o Marquinhos [Guilherme] pelo Rojas, mas eles são extremamente parecidos, muito rápidos. Acredito que para eles é um pouco mais complicado, mas é clássico, então não tem muito isso. Para nós, é muito importante manter a base, para que a gente continue com essa confiança. E o entrosamento ajuda para tentar ter uma regularidade.
Agora - O São Paulo é candidato ao título do Brasileiro?
Nenê - A gente está, sim, na briga. A gente tem de ser realista. Temos de ter os pés no chão. Tem de demonstrar a cada dia que dá para ser campeão. Não adianta: "ah, está brigando [pelo título], então vamos só administrar". Tem de continuar da mesma maneira, suando, dando tudo dentro de campo, técnica e fisicamente. Continuar nessa pegada, nessa intensidade. Precisamos ajudar um ao outro, porque está sendo muito bacana essa união para continuarmos nessa caminhada.

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